Sequei-o na guerra
Secou-me no leite
- Que fizeste da minha chaga?
Sarei-a no soldo dado
Sarei-a no pão cozido
- Que fizeste dos meus olhos?
Ceguei-os na tua carne
Ceguei-os no teu bastão
- Que fizeste dos meus filhos?
Dei-lhes a morte nas saias
Dei-lhes a morte nas armas
- Que fizeste às minhas mãos?
Cortei-as na minha fome
Cortei-as na tua fome
- Que fizeste às entranhas?
Tirei-te os filhos de mim
Tirei-te os filhos de nós
- Que fizeste dos meus ossos?
Esmaguei-os de peso morto
Parti-os para que os meus fossem
- Que fizeste da minha alma?
Dei-a de caçar aos outros
Dei-a de comer aos nossos
- Que fizeste do meu amor?
Enfeite que levo à roda
Cama de mal e vergonha
- Que fazes?
Espero morrer sabedora
Espero morrer sem ser morto.
27/ 6/ 71
Novas cartas portuuesas
Maria Isabel Barreno
Maria Teresa Horta
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