sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A fita branca (envolta na quarta-feira de cinzas)

Cinza, parada, sem música, sombria e com um sentimentozinho de culpa pelos excessos do Carnaval. Essa é a quarta-feira de Cinzas.
Essas mesmas qualidades definem o filme A FITA BRANCA (Dass Weisse Band, no original alemão). O filme é, como bem escrito pelo bonequinho d'O Globo, "simples, mas nem tanto". De produção e tudo mais sem nenhum custo estrombótico, a única música que anima o filme é super contextualizada, tocada pelo narrador-personagem, o professor, olha que legal, de música da cidade. São duas horas de silêncio e um clima tenso, de vontade de entrar pela tela e sacudir cada uma das criaturas cínicas que atuam lá do outro lado. Até que você, mero expectador, se dá conta de que está cercado (inclusive por sua própria capa de gordura e pele) por pessoas que, tal qual as personagens, têm, SIM SENHOR, todas aquelas piores características das personagens que tanto incomodam no filme.
As minhas professoras (a interior e a de carteira assinada) quiseram saltar fora pelo chakra umbilical de ver aquelas crianças crescendo de forma medíocre, invejosa e mentirosa. E pensou em SUAS crianças. E sentiu vontade de chorar... Culpa social, na certa.
A fita branca é um filme bom, sem emocionar. É bom porque revolta, dá nervoso, vontade de sair correndo do cinema. Nele, as crianças, sempre em bando, vão. Alemães, antes da guerra, aquelas crianças, já sabemos pra onde foram.
Agora é preciso pensar nas nossas. As de dentro e, principalmente, as que estão ao redor.

Um comentário:

  1. Passando pra fazer uma visita e aproveitando... Valeu a dica! ;) Pena é que essas coisas demoram pra chegar aqui nas terras catingueiras (ou só via internet mesmo).

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